domingo, 27/08
|Sede do PIPA
Encerramento da exposição. Ilda Reis: outro mundo
Centenário de Nascimento Exposição de Arte Contemporânea
Horário
27/08/2023, 11:00 – 17:00
Sede do PIPA, Largo das Divisões, 2150-008 Azinhaga, Portugal
Sobre
Quando no início dos anos 50 vinha à Azinhaga para visitar a família, Ilda Reis, então dactilógrafa nos Caminhos de Ferro, estaria longe de imaginar que uma exposição sua seria aqui inaugurada por ocasião dos cem anos do seu nascimento. «Ilda Reis: outro mundo» apresentada as suas mais icónicas gravuras, como “Ghetto” e “Sinfonia”, traz-nos os seus tempos de vida através de “Mil novecentos e setenta” e toda a sua mestria técnica e poética de “Madeira-Metal II”. A história começa antes como se conta nesta mostra. Começa por frequentar, em 1962, a Escola de Artes Decorativas António Arroio, e, no ano seguinte, o curso de pintura na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, sendo apresentados nesta exposição alguns desses seus trabalhos, sobretudo como estudos de modelo vivo. Nos anos de 1965/66 e 1969 frequenta cursos de gravura na Cooperativa de Gravadores Portugueses, e a esta técnica se dedicou quase em exclusivo ate 1994. Se num primeiro momento, a sua grande paixão foi a Pintura, a que regressou nos seus últimos anos de vida, foi na Gravura que encontrou a sua expressão mais intensa e profunda.
A exposição «Ilda Reis: outro mundo» traz-nos outros mundos desta artista cujo centenário de nascimento agora se celebra. O mundo da gravura, da prensa, das matrizes a cobre ou madeira, do buril, da água-forte e da água-tinta, sendo possível consultar o livro “Ilda Reis: Tempo de vida” que contém toda a sua obra gravada, acompanhada pela informação técnica detalhada da mesma e por textos de especialistas. O mundo da serigrafia que continua a reflectir o seu imaginário orgânico e cromático, pese embora seja uma técnica tão menos manual e gestual. O mundo do desenho de onde tudo parte e onde tudo se encontra. O mundo da pintura aqui assinalado com um retrato de família. O mundo do ateliê, da oficina, do processo, onde encontramos alguns dos catálogos das suas exposições, é de salientar a sua presença regular, a nacional e no estrangeiro, entre 1966 e 1996, com inúmeros prémios e distinções, onde se destaca, em 1988, o Grand Prix Européen des Arts et des Lettres — Prémio Jusgoslávia, em França. O mundo que a une à Azinhaga, uma fotografia de um Verão de 1954 e a máquina onde ela e seu então marido, o escritor José Saramago, usavam para correspondência e para trabalhar.
«Ilda Reis: outro mundo» é a primeira manifestação das celebrações do Centenário de Nascimento, outras se seguirão como a exposição, em julho, na Biblioteca Nacional de Portugal onde o espólio da sua obra gravada se encontra em depósito. Esta exposição está organizada em termos cronológicos, e é deixada ao visitante a escolha por onde começar, se pelo fim ou início, ou continuar em ciclo na descoberta desta artista, por onde ressoam as palavras de Fernando de Azevedo, crítico de arte que muito se debruçou sobre o estudo da obra de Ilda Reis: «Nunca nenhuma [gravura] alguma vez deixou de ter esse empenho que exterioriza e interioriza essa força incontível que é por um lado o esforço e jeito do braço, exactamente, é, por outro, a força do espírito que é outra força ainda maior. Não existe arte da gravura possível sem o concerto destas duas forças de que o papel, a prova, nem sempre testemunha a dimensão reconhecível. Este aspecto, esta espécie de rosto do trabalho, reconhece-se, está reflectido, nas gravuras de Ilda Reis quase como se por ele se determinasse a morfologia que as distingue das outras.» Este rosto são todos os outros mundos de Ilda Reis.
Ana Matos
Curadora da exposição
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